Série de postagens sobre Compostagem
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente do Governo Federal, tem-se que:
“A compostagem é a "reciclagem dos resíduos orgânicos": é uma técnica que permite a transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e legumes e alimentos em geral, podas de jardim, trapos de tecido, serragem, etc) em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico. A compostagem é uma forma de recuperar os nutrientes dos resíduos orgânicos e levá-los de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura ou jardinagem. Além disso, é uma maneira de reduzir o volume de lixo produzido pela sociedade, destinando corretamente um resíduo que se acumularia nos lixões e aterros gerando mau-cheiro e a liberação de gás metano (gás de efeito estufa 23 vezes mais destrutivo que o gás carbônico) e chorume (líquido que contamina o solo e as águas). Hoje, cerca de 55% do lixo produzido no país é composto por resíduos orgânicos, que sofrem o soterramento nos aterros e lixões, impossibilitando sua biodegradação. Há várias experiências internacionais de recolhimento de resíduos orgânicos para compostagem, com a distribuição gratuita do adubo resultante do processo à população local. Dessa maneira, fica claro para a sociedade que aquele resíduo tem valor, pois retorna aos cidadãos como um benefício que os economiza o dinheiro que empregaram na compra de fertilizantes industrializados. Procure saber mais sobre compostagem e como fazer isto em casa ou na escola comunitária (montando uma composteira). Separe os resíduos orgânicos do material seco e reciclável, impedindo a contaminação de ambos. Demande a coleta seletiva e a compostagem de sua prefeitura.”
Mas aí a gente se pergunta, como podemos fazer isso?
O método mais utilizado é por meio do uso de composteiras domésticas que nada mais são que estruturas físicas de depósito do material orgânico e onde o lixo orgânico será compostado e transformado em adubo orgânico, também conhecido como húmus. A composteira pode ser de diversos formatos e tamanhos, os quais dependem do volume de matéria orgânica produzida além do espaço físico disponível para sua disposição.
Figura 1: Exemplos de composteiras. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/2368-compostagem.html
Mas existem outros métodos de se fazer compostagem? Siiim
1° Vermicompostagem:
Figura 2: Vermicompostagem. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/dicas/vermicompostagem-minhocas-compostagem/
É a compostagem feita por meio do uso de minhocas californianas (espécie Eisenia foetida mais indicada para o processo) ou minhocas da Terra, pois estas digerem a matéria orgânica facilitando o trabalho do micro-organismos. O processo é muito mais rápido que a compostagem tradicional, pois os vermes ao se alimentarem da matéria orgânica, liberando um muco que facilita a decomposição por microorganismos decompositores e aceleram o processo, formando um substrato formado no é um fertilizante muito rico em nutrientes (inodoro, leve, macio, solto, com pH neutro, finamente granulado e rico em minerais que são absorvidos pelas plantas). Além disso, promove o desenvolvimento de uma grande população de microorganismos. Assim sendo, o vermicomposto tem uma qualidade melhor do que o composto formado na compostagem tradicional. A comercialização do húmus formado é muito lucrativa e é crescente o número de empresas que atuam nessa área. Essas minhocas podem ser compradas em vários sites e necessitam de maiores cuidados para que não morram no processo.
2° Compostagem aeróbia:
Figura 3. Composteira aeróbia. Disponível em: https://homepedia.com.br/viver-bem/sustentabilidade/composteira-domestica-para-que-serve-e-como-fazer
É a maneira mais comum do se fazer compostagem, onde o composto orgânico é depositado diretamente na composteira e apenas os microrganismos são responsáveis pelo prosseguimento do processo. O fator crucial nesse tipo de processo, é a necessidade de revolvimento periódico dos resíduos além da adição de materiais que facilitem a aeração, tais como folhas secas provenientes de podas de jardins e serragem, que podem doadas por indústrias madeireiras desde que não estejam contaminadas com aditivos químicos.
3° Compostagem anaeróbia:
Figura 4. Biodigestor anaeróbio. Disponível em: https://www.vgresiduos.com.br/blog/conheca-metodos-eficientes-de-reaproveitamento-de-residuos-organicos/
Na compostagem anaeróbia, a decomposição é realizada por microrganismos que podem viver em ambientes sem a presença de oxigênio. Ocorre em baixas temperaturas, com exalação de fortes odores e leva mais tempo até que a matéria orgânica se estabilize.
Como resultado dos processos anaeróbicos dos biodigestores gera-se fertilizantes (geralmente líquidos) e gases (o biogás), em especial o gás metano (CH4), que é classificado um combustível. Diferentemente dos demais, esse processo é mais complexo e exige equipamento adequado para a degradação da matéria orgânica, além de profissionais habilitados.
4° Compostagem em leiras:
Figura 5. Compostagem em Leiras. Disponível em: https://www.santos.sp.gov.br/?q=hotsite/composta-santos
As leiras são adequada para instituições que se categorizam como geradoras de larga escala. Também são feitas em municípios e em algumas escolas. Esse sistema possui capacidade ilimitada (pode receber uma grande quantidade de resíduos diariamente), é versátil e tem funcionamento simples e eficaz. As leiras são feitas de maneira estruturada com uma base de matéria vegetal seca principalmente galhos e material grosseiro provenientes de podas, ao receber os resíduos uma mistura é feita para garantir a inoculação do composto. O sistema funciona com aeração passiva (por meio do revolvimento braçal com o auxílio de enxadas),podendo ser mecanizado e de fácil manutenção, garantindo o processo termofílico de compostagem. Podem ter porte e tamanhos variados dependendo do volume de resíduos gerados e do espaço disponível, podendo sua capacidade pode ser replicada e aumentada. O processo de decomposição ocorre por bactérias e fungos, principalmente. As laterais e a base são preparadas com cobertura vegetal seca, que permite a aeração do composto, por isso, não gera cheiro.
Figura 6: Compostagem em Leiras. Disponivel em: http://biocomp.com.br/compostagem-de-residuos/
5° Composteira automática:
Figura 7. Composteira automática. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/component/content/article/10-pegue-leve/2324-como-fazer-passo-passo-compostagem-organica-domestica-caseira-em-casa-apartamento-residencia-simples-rapida-24-horas-sustentavel-tratamento-reciclagem-coleta-lixo-residuo-organico-sem-minhocas-composteira-eletrica-automatica-encontrar-comprar.html
A compostagem automática envolve maior praticidade, pois a decomposição é mais rápida e utiliza-se poderosos micro-organismos patenteados (dentre eles, o Acidulo TM), capazes de se multiplicarem em altas temperaturas, alta salinidade e acidez, saiba mais sobre esse tema lendo a matéria. Com isso, é possível inserir alimentos ácidos, carne, ossos, espinhas de peixe, frutos do mar, ao contrário da compostagem com minhocas, ou vermicompostagem.
Figura 8. Composteira automática. Disponível em: https://www.ecogreen.com.br/tecnologia-para-compostagem-caseira-em-24-h-17082017
Figura 9. GG-10s – Composteira comercializada pela Biofilia com capacidade mensal de 10 ton. Disponivel em: https://www.ecogreen.com.br/tecnologia-para-compostagem-caseira-em-24-h-17082017
Quais são os fatores que influenciam na geração e na qualidade do composto?
1) Organismos:
O processo de compostagem é, basicamente microbiológico feito principalmente por fungos e bactérias e contam com a participação da macro e mesofauna, como minhocas, formigas, besouros e ácaros, durante o processo de decomposição.
2) Temperatura:
Um dos fatores de maior importância no processo de compostagem pois os microrganismos produzem o calor, pela metabolização da matéria orgânica, estando a temperatura relacionada a vários fatores, como materiais ricos em proteínas, baixa relação carbono/nitrogênio, umidade e outros.Materiais moídos, picados e peneirados, com granulometria mais fina e maior homogeneidade, originam uma melhor distribuição de temperatura e menor perda de calor.
3) Umidade:
A presença de água garante a atividade microbiológica pois a estrutura dos microrganismos consiste de aproximadamente 90% de água e, na produção de novas células, a água precisa ser obtida do meio, ou seja, neste caso, da massa de compostagem. É necessário que haja o equilíbrio da quantidade de água pois a escassez ou o excesso do líquido pode desacelerar a compostagem - se houver excesso, é necessário acrescentar matéria seca, como serragem, ou folhas secas. A faixa de umidade ótima recomendada para se obter um máximo de decomposição está próxima de 50%.
4) Aeração:
Considerado como o fator mais importante a ser considerado pois evita a formação de maus odores e a presença de insetos, como as moscas de frutas, por exemplo, o que é importante tanto para o processo como para o meio ambiente. Também deve-se levar em conta que, quanto mais úmida está a massa orgânica, mais deficiente será sua oxigenação.
5) pH:
Se existir escassez de oxigênio, o pH poderá diminuir a valores inferiores a 4,5 e limitar a atividade microbiana, retardando assim o processo. Alimentos ácidos podem diminuir o pH e a alcalinidade do meio também pode afetar a atividades dos organismos. Quando o pH estiver ácido, uma alternativa é melhorar a oxigenação e aeração promovendo a passagem de ar, por meio do revolvimento ou de novos furos nas composteiras para que o ar circule. Além disso, a presença de fungos também é um indicativo de ph desregulado. Assim sendo, orienta-se diminuir a disposição de alimentos cítricos na composteira.
E a tal da relação Carbono-Nitrogênio?
A relação carbono nitrogênio na composteira é a proporção de carbono contida na matéria orgânica em relação ao nitrogênio. Esses dois elementos são muito importantes os organismos contidos nas composteiras porém, em relações baixas ou altas desses elementos, a eficiência do processo irá diminuir. Resíduos com relação C/N baixa (C/N<26/1) são pobres em carbono e perdem nitrogênio na forma amoniacal durante o processo de compostagem, devido ao processo de oxidação da matéria orgânica (Lembra do ciclo do nitrogênio? haha). Nesse caso, recomenda-se juntar restos vegetais celulósicos, como serragem de madeira, sabugo e palha de milho e talos e cachos de banana, ricos em carbono, para elevar a relação a um valor próximo do ideal. No caso contrário, ou seja, quando a matéria-prima possui relação C/N alta (C/N>35/1), o processo de compostagem torna-se mais demorado e o produto final apresentará baixos teores de matéria orgânica. Para corrigir esse erro, deve-se acrescentar materiais ricos em nitrogênio, como folhas de árvores, gramíneas e serragem.
É importante ressaltar que o tipo de compostagem escolhida depende das necessidades particulares de cada casa, empresa ou município. O importante mesmo é tomarmos consciência de responsabilidade sobre nosso lixo gerado e seu impacto quando gerido de maneira inadequada na sociedade como um todo.
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